Coluna Jorge Barros: Por que a Academia de Cinema de Hollywood preferiu premiar Green Book – O guia como melhor filme em vez de Infiltrado na Klan
O cinema não deve funcionar apenas como um canal de entretenimento, de diversão barata e de riso fácil. Ele deve refletir sobre todos os momentos históricos, sobre todas as etapas que constroem o tecido social. Charles Chaplin, o genial Carlito, mesmo em suas cenas mais hilariantes e ingênuas, consegue dizer ao espectador de todos lugares do mundo que o homem é responsável pela construção de um mundo novo e uma vida melhor. As suas comédias de costume também nos dizem que a alegria é muito melhor do que a guerra; que o sorriso ingênuo de uma criança é mais significativo do que o olhar sincero de um adulto e que a verdade só tem um caminho. O racismo nos Estados Unidos, principalmente na parte sul, sempre foi (e ainda é) um motivo de conflitos acirrados e de embates carregados de ódio e mortes entre brancos e negros, não obstante esse país ter uma Constituição que está bem próxima à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os filmes Green Book – O guia, do diretor Peter Ferrelly, e infiltrado na Klan, do diretor negro mais antirracista que se tem notícia no universo da sétima arte, Spike Lee, abordam o racismo visceral nas décadas de 60 e 70, mas por caminhos e propostas cinematográficas bem distintas. Green Book - O guia apenas relata, no melhor estilo de cinema Road Movie ( cinema sobre quatro rodas), o encontro de um negro pianista de jazz clássico, Don Shirley (magnificamente interpretado por Marsala Ali) e um motorista branco, grotesco e racista, Tony Vallelonga(interpretado pelo também competente Viggo Mortensen), para uma viagem ao Sul dos Estados Unidos com o objetivo de fazer apresentações de shows na alta sociedade sulista pra lá de ultra racista. No decorrer do filme, os dois protagonistas discutem o racismo sem se preocuparem com a origem e as consequências do mesmo. Outrossim, Infiltrado na Klan ao mostrar a ousadia do policial negro Ron Stallwort ( interpretado por John David Washington, filho de Denzel Washington) em se infiltrar no seio da mais terrível organização racista americana, a Ku Klux Klan, para conhecer a engrenagem e os planos da mesma àquela época, consegue atingir em cheio o coração das trevas da maldita segregação racial. O roteiro de Green Book – O guia, baseado em uma história real, bem que poderia ter ido além do horizonte, isto é, ter abordado o tema sem fazer nenhuma concessão às desordens sociais de ontem e de hoje. Preferiu falar do problema por um viés agridoce, e, às vezes, até poético/romântico/perfumado. Fazendo contra ponto a este, o roteiro de Infiltrado na Klan ( BlacKlasmen, Homem negro na Klan, título original), também baseado em uma história real, toca na ferida das questões raciais sem nenhuma misericórdia, ao mostrar a insanidade dos culpados e apontando alguns caminhos para a paz entre negros e brancos; se é que isso hoje ainda é possível. Talvez a Academia de Cinema não quis dar o Oscar de melhor filme a Infiltrado na Klan com medo de que o prêmio pudesse gerar mais ódio entre negros e brancos no mundo inteiro, bem como fomentar outras desavenças entre os seres humanos que falam tanto de humanismo, mas cada vez mais são desumanos e insensatos. Green Book - O guia, além de receber e prêmio de melhor filme 2019, foi premiado também com o Oscar de melhor roteiro original e de melhor ator de suporte (coadjuvante) para Mahershala Ali, que já foi premiado nessa mesma categoria pelo filme Moonlight: sob a luz do luar, em 2017. Infiltrado na Klan foi premiado apenas com o Oscar de melhor roteiro adaptado, tendo o próprio Spike Lee como um dos roteiristas. Como em Jequié não tem nenhuma sala de cinema, o que é uma vergonha e símbolo de decadência, assista aos dois filmes nem que seja em uma tela reduzida, em um aparelho de TV. Vale a pena. Livros indicados nesta coluna: 1- Vinte e cinco verbos para construir sua vida, de Alberto Saraiva, Editora Planeta do Brasil;2-Desculpe-me, socialista – Desmascarando as 50 mentiras mais contadas pela esquerda, de Lawrence W. Reed, Editora Faro Editorial. A leitura nos conduz ao mundo real; o mundo imaginário é produto de uma mente vazia de conteúdo e burra.
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